Inteligência Artificial na Música: vilã ou aliada?
- Jay Spyzer
- há 3 dias
- 4 min de leitura

A inteligência artificial já faz parte da nossa vida há um bom tempo, mas agora ela se tornou quase essencial em praticamente todo tipo de trabalho. A popularização da IA dividiu opiniões: tem gente que vê como uma aliada da criatividade, e tem quem ache que vai deixar o mundo mais “sem graça”.
Ferramentas como ChatGPT, Manus, Copilot e outras estão aí, e se você joga um tema e escolhe um estilo musical, elas geram uma letra de música em segundos. E quer saber? Às vezes, as músicas até fazem sentido. Dependendo de como você alimenta a ferramenta com boas referências e cria um bom prompt, o resultado pode até ter emoção de verdade.
Mas o que é prompt? Pra quem nunca ouviu essa palavra, prompt é o comando que você dá pra IA. É como dar uma instrução: quanto mais claro e criativo você for, melhor o resultado. Imagina pedir uma pizza: se você diz “quero uma massa fina, molho leve, sem carne e com manjericão”, você tem mais chance de gostar do que só dizer “quero comida”.
Três formas (bem diferentes) de usar IA na música
Com o avanço de ferramentas como o aplicativo SUNO, que gera músicas inteiras (letra, voz e instrumental), a gente já consegue identificar pelo menos três tipos bem distintos de uso da IA pra compor:
1. Uso preguiçoso (e bem meia-boca)
Tem gente mandando demo pra selo de música usando produção 100% feita pela IA, sem mexer em nada. Os donos de alguns selos já vieram a público falar disso. E, mano, dá pra perceber fácil: a voz tem um timbre bem característico do SUNO, e as músicas são super genéricas, sem alma, feitas só pra tentar fazer dinheiro fácil. A maioria tem qualidade bem duvidosa e não passa nem perto de algo profissional.
2. A galera que quer só se divertir
Aqui entra o uso mais “do bem”. Vários amigos meus que são compositores amadores usam IA pra transformar seus poemas em música. Eles sobem pro Spotify, Deezer e afins não pra “bombar”, mas pelo prazer de ouvir a própria música no streaming e compartilhar com os amigos e família. Isso até pode “poluir” um pouco o algoritmo, mas quase nunca essas músicas são recomendadas, justamente por serem feitas com IA ou por não terem relevância. Mas, nesse caso, não tem maldade envolvida. É só diversão — e tá tudo certo.
3. Uso profissional e consciente
Aí sim. Aqui é onde a IA mostra seu valor de verdade. Produtores profissionais usam IA como empurrão criativo. Às vezes, tá travado numa estrofe, num refrão... joga ali na IA, pede sugestões, pega uma ideia legal, adapta, melhora, finaliza. Também dá pra testar arranjos, variações, caminhos novos. É como ter um assistente criativo 24h à disposição. E não tem nada de errado nisso: se antes a gente se inspirava em outros artistas, por que não usar também ideias que surgem da IA?
Minha visão sobre tudo isso
Eu realmente acredito que, por mais modernas que sejam as ferramentas, o prompt criativo faz toda a diferença. É a mesma coisa que entregar um violão pra alguém que não toca e esperar que saia uma música boa. Não rola.
Se alguém chega na IA e só diz: “faz uma música legal sobre amor”, vai sair algo tão genérico que o público nem vai se interessar. Claro que, por sorte, às vezes até pode sair algo bom. Mas a chance é baixa.
Agora, se a pessoa tem sensibilidade artística, referências boas, entende o que pedir e como combinar ferramentas (ChatGPT pra letra, SUNO pra áudio, por exemplo), dá sim pra sair coisa interessante — até hits. E sei que essa afirmação pode parecer polêmica, mas é real.
Eu sou super eclético. Produzo música eletrônica, mas escuto de tudo. E vou te dizer: tem muita música feita por humanos tocando por aí que é mais plástica e sem vida do que música feita por IA. Algumas até fazem sucesso, mas são esquecidas logo. As que duram mesmo — e hoje em dia isso ficou mais difícil — são aquelas que têm o toque de um bom produtor, ou que se conectam com as pessoas, seja pela letra, pela melodia, ou por algum sentimento.
Quer ver um exemplo? Quantas vezes você já ouviu alguém dizer:
“Ah, essa letra é meio boba, mas a batida é boa demais!” (clássico do funk)ou “Não achei a melodia tão legal, mas essa letra fala exatamente o que tô vivendo.” (bem comum no sertanejo)
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